IDEIAS FORTES DO MUNDIAL DE ÁFRICA E DA PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA

com base nas análises estatísticas e históricas da FOOTBALL IDEAS

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O ADEUS PORTUGUÊS, DIGNO, MAS SEM CHAMA NEM FUTEBOL

Portugal despediu-se do Mundial-2010. A Espanha foi demasiado forte para uma equipa que cumpriu os objectivos mínimos mas que demonstrou ser demasiado curta para metas mais ambiciosas. 

Demasiado curta em termos de jogadores desequilibradores, presentes e/ou em forma, com ambição e/ou maturidade, mas também demasiado curta pelas opções discutíveis de um treinador que nem será o principal responsável da eliminação mas que também ele é incapaz de fazer qualquer tipo de diferença. 

Mas estas são questões para desenvolvermos nos próximos dias conforme se forem conhecendo (e vão conhecer, com certeza) outros pormenores desta participação portuguesa no Mundial...

Para já fiquem com a análise do jogo do nosso descontentamento com a Espanha, em que fomos batidos pelo 2º classificado do Ranking da FIFA (um lugar apenas acima de Portugal) e no qual sofremos o golo (única vez em toda a prova que Eduardo teve que ir buscar a bola ao fundo da baliza) que nos custou a eliminação. Eis cinco ideias fortes que a estística deste jogo forneceu:


1.  A vitória espanhola nesta partida foi indicutível dada a sua superioridade esmagadora em todos os dados de finalização: 14-8 em remates, 9-2 em remates na área; 8-3 em remates no alvo; 11-2 em remates com perigo.

2. Essa superioridade nasceu desde logo do claro domínio territorial dos espanhóis:  61% de posse de bola nos 90 minutos, que se estendeu a toda a partida, com 60% ao intervalo. Portugal entregou constantemente a bola a uma equipa que gosta e precisa de a ter para desenvolver o seu modelo de jogo com eficácia.

3. As diferenças abissais em termos de capacidade de construção de jogo e finalização foram ainda maiores na segunda parte, quando Portugal apenas rematou em 1 ocasião (e de fora da área, longe do alvo e sem perigo), contra 8 remates de Espanha, dos quais 5 na área portuguesa, 5 no alvo e 7 com perigo.

4. A equipa nacional voltou a mostrar problemas sérios de fluidez e construção de jogo, com apenas 1 passe de ruptura em todo o jogo, agravados pela pressão alta da Espanha, que roubou muitas bolas no meio-campo português (8), das quais 5 na segunda parte. Para tal contribuiu o facto de Queiroz fazer alinhar 4 defesas-centrais de raiz (Costa, Carvalho, Alves e Pepe), limitando ainda mais a capacidade de circulação de bola.

5.  Essas dificuldades de construção acabaram por ser decisivas e por exemplo no caso da opção por um Pepe sem ritmo nem foram compensadas com ganhos na capacidade de recuperação de bola: apenas 3 recuperações em 72 minutos em campo, contra 4 recuperações do seu substituto (Pedro Mendes), que esteve no relvado apenas 20 minutos. Se a isto acrescentarmos uma única recuperação de bola de Tiago em 90 minutos e a diminuição do número de cortes efectuados pelos portugueses de 15 para 8 entre a primeira e a segunda parte, o panorama defensivo foi também bastante negativo, principalmente no segundo tempo. Valeu Eduardo em noite de gala, capaz de realizar um número recorde de defesas decisivas (7) em quatro anos de observações estatísticas da FOOTBALL IDEAS.


Os principais dados do jogo:



Elementos
Portugal
Espanha
posse de bola
39%
61%
golos
0
1
remates
8
14
remates na área
2
9
remates no alvo
3
8
remates com perigo
2
11
cruzamentos
36
11
cruzamentos com remate
2
2
faltas cometidas
21
12
cantos
3
4
livres perto da área
-
-
foras de jogo
2
-
cartões amarelos
1
1
cartões vermelhos
1
-

QUEM DE TRÊS TIRA TRÊS...

Daqui a pouco vou olhar o jogo de ontem com a Espanha mais aprofundadamente. Mas para já não posso deixar de partilhar um pensamento que me ocorreu sobre a participação de Portugal no Mundial, ontem terminada.

Queiroz tem com certeza responsabilidades no afastamento da Selecção nos oitavos-de-final (que não sendo em si um resultado negativo não deixa de ficar àquem das expectativas de um terceiro classificado no ranking da FIFA). Falaremos disso daqui a pouco.

Mas também é verdade que se aqui sempre insistimos que a performance de Portugal - designadamente em termos ofensivos, de contrucção de jogo - dependia em grande parte do que conseguissem fazer três jogadores: Deco, Cristiano Ronaldo e Nani, não deixa de ser uma realidade que seria muito dificil ter feito melhor.

Nani nem chegou a jogar. O seu afastamento (supostamente por lesão) parece uma história mal contada mas os efeitos práticos de todo o processo foram apenas um: não houve Nani e o seu poder desequilibrador a ajudar Portugal.

Não houve também Deco, que além de parecer neste momento em final de carreira, pouco ambicioso, surgiu completamente fora de forma  e eventualmente lesionado.

E, finalmente, ainda mais grave, não houve CR7, que apesar de ter jogado todos os minutos dos jogos da selecção, foi vítima da sua falta de humildade, autocentramento e inadaptação à forma de jogar de Portugal.

Claro que um treinador é acima de tudo um gestor de recursos humanos e estes três recursos em especial foram mal geridos por Queiroz nuns casos, ou ingeríveis noutros.

Um facto é no entanto inegável, sem Deco, Nani e CR7, Portugal nunca poderia lutar pelo título mundial.

Nota: Leiam por favor o comentário do Rodrigo Martins a este post - é excelente. Ele acrescenta a estes nomes os de Pepe, Varela e Bosingwa. Com razão. É realmente muita gente, que poderia ter tornado tudo muito diferente e que nos dá esperança para um futuro mais risonho da SN.

terça-feira, 29 de junho de 2010

JOGAR EM CONTRA-ATAQUE MAS BEM...

Criou-se a ideia que privilegiar um estilo de jogo em contra-ataque é equivalente a jogar feio, mal ou até em anti-jogo.

Nada mais falso. Jogar em contra-ataque pode ser mais fácil do que em ataque continuado, mas não é nenhuma forma de anti-jogo.

Cada um usa as armas e as virtudes que tem, limitando os efeitos das suas...limitações. O jogo é mesmo assim e não é menos legítimo jogar na expectatitiva, na saída rápida após a recuperação da bola do que fazê-lo assumindo o jogo, como faz, e bem, a Espanha/Barcelona.

Portugal não tem hoje armas suficientes para jogar de peito aberto, taco-a-taco com a selecção espanhola, da mesma forma que ninguém o faz com o Barcelona (o modelo desta equipa espanhola) e sai vivo para contar como foi. Que o diga o Real Madrid nos últimos anos...

Por isso, a Queiroz apenas se pede que tenha a humildade estratégica de um Mourinho. Que jogue em contra-ataque mas de forma inteligente e não como fez com o Brasil - com medo, tolhido, envergonhado, com 10 atrás e CR7 à frente, entregue às feras da defesa contrária, sem espaço, nem tempo, nem bola, para fazer qualquer tipo de diferença.

Jogar bem em contra-ataque significa defender de forma solidária, com espírito de sacríficio, muita garra e concentração absoluta. Mas significa também pôr toda a intensidade e dinâmica no jogo, nomeadamente quando se sai para o ataque rápido. E não significa apenas transpiração. A inspiração individual posta ao serviço do colectivo também é indispensável para que este estilo de jogo seja eficaz e até...bonito. Quem se lembra das boa equipas belgas que jogavam assim, com Ceulemans, Vercauteran, Vanderbergh, sabe isso. Ou mesmo a selecção argentina de 86, que ao contrário do que muitos pensam jogava acima de tudo em contra-ataque.

No caso português, para que isto seja uma realidade, Ronaldo não pode jogar sozinho na frente, sendo o homem mais adiantado de Portugal. Tem que contar com companhia e de preferência alguém que saiba jogar de costas para a baliza adversária, recebendo passes sob pressão e temporizando para esperar por "reforços", uma primeira linha com CR7 e Simão e uma segunda com Meireles e Tiago, que tão bem aperecem em zona de finalização. Ora, esta será a maior dificuldade para Portugal, que não tem um ponta-de-lança destes. Mas é nestes momentos que os grandes jogadores se sacrificam em prol da equipa e até fazem bem aquilo de que menos gostam. Não é, Liedson?

HISTÓRIA PARA TODOS OS GOSTOS

O confronto futebolistico entre os rivais ibéricos tem uma história riquissima.

São quase 90 anos de jogos vividos com a intensidade da rivalidade histórica entre os dois países vizinhos. Aliás a estreia da Seleccção portuguesa deu-se em Madrid, a 18 de Dezembro de 1921 (derrota por 3-1).

Os primeiros quatro jogos da equipa das quinas tiveram os espanhois como adversário, correspondendo a outras tantas derrotas. Algo de perfeitamente normal, se tivermos em conta que Espanha possuia um campeonato de carácter nacional desde 1903, enquanto Portugal até estreou a sua equipa nacional antes de levar a cabo uma prova nacional entre clubes (1922).

Foi preciso esperar 26 anos e 16 encontros para que vencessemos a Espanha. Foi em 1947 que num Jamor apinhado (80.000 espectadores) Portugal matou o borrego espanhol, vencendo por 4-1. Antes disso, já em 1937 Portugal ganhara a uma selecção espanhola, em Vigo, mas a FIFA não reconheceu este encontro, já que a equipa de nuestros hermanos era constituída apenas por falangistas, ou seja, apoiantes de Franco.

A verdade é que até aos anos 1960, a Espanha fez o que quis dos portugueses no futebol, vencendo quase sempre e por vezes até de forma contundente, como aconteceu em 1934 no primeiro jogo oficial da selecção portuguesa no apuramento para o Mundial-34. Em Madrid Portugal levou 9-0 e o jogo ficou no anedotório nacional imortalizado pela canção de Beatriz Costa: "E se Portugal trabalha como eu quero/ desta vez não falha/ nove a zero..."

A história repetiu-se com os 5-1 no apuramento para o Mundial do Brasil (1950) e reproduziu uma espécie de trauma nacional dos jogos com Espanha, apenas compensado com as vitórias no Hoquei em Patins.

A partir de 1960 as coisas mudaram bastaste. Primeiro porque diminui muito o número de jogos realizados com os nossos vizinhos. Segundo porque desde 1958 em dez encontros disputados Portugal apenas perdeu um, em 2003, num amigável jogado em Guimarães.

De tal forma, que nos dois únicos encontros oficiais em fases finais de grandes competições em que os países ibéricos se defrontaram o saldo é favorável a Portugal: 1-1 no Euro-84 (em França) e 1-0 no Euro-2004 (em Portugal). Registe-se que o jogo do Europeu de França foi o único realizado em campo neutro entre as duas selecções em quase 90 anos de história de confrontos.

Nunca Portugal e Espanha se degladiaram numa fase final de um Mundial, nem tão pouco num jogo a eliminar da fase final de uma grande competição. Pelo que hoje se faz história independentemente do resultado final.

Uma história com muita história e imensas estórias...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

E O FUTEBOL?

Quatro jogos dos oitavos de final do Mundial já disputados e não se fala de outra coisa se não dos erros de arbitragem no Alemanha-Inglaterra e no Argentina-México.

Mesmo que tenhamos assistido a quatro bons jogos de futebol, com muitos golos (15, quase à média de 4 por jogo!)

Mesmo que tenham sido dois os erros importantes num total de quatro partidas.

Mesmo que os resultados verificados tenham sido considerados quase unânimemente justos.

Mesmo que nos tenham poupado aos desempates por pontapés da marca de grande penalidade!

Não, o que interessa destacar e discutir até á exaustão e ao nojo são os dois erros de arbitragem.  E, claro, voltar à já estafada discussão sobre a introdução das novas tecnologias na decisão dos árbitros.

É caso para dizer, e depois do que é que se falava?

Em princípio, nem sou contra a utilização de imagens para ajudar a cada vez mais dificil tarefa de arbitrar quando há dezenas de câmaras a filmar os encontros e uma profusão imensa de ângulos e repetições de lances polémicos. Mas apenas em determinados casos e situações, como o fora-de-jogo.

No entanto, agora a hora é de desfrutar do jogo, saborear uma competição que só voltamos a ter daqui a QUATRO ANOS!

domingo, 27 de junho de 2010

O RESPEITINHO É MUITO BONITO...

Ponto prévio: como a esmagadora maioria dos portugueses acho que como treinador José Mourinho dá 10 a zero a Carlos Queiroz. Sou um dos muitos que pensa que Queiroz ainda não mostrou nada como treinador principal e que dificilmente alguma vez o vai fazer. Falta-lhe liderança, carisma, empatia com os jogadores, aquele golpe de asa que caracteriza os grandes treinadores.

Dito isto, também é verdade que neste momento o desporto nacional é o tiro ao prof., com as críticas completamente assassinas a surgirem de todos os quadrantes e personalidades, mesmo aquelas para quem uma bola de futebol é um objecto perfeitamente desconhecido, provavelmente uma recordação longínqua e nem por isso muito querida da infãncia.

De tal forma, que a postura cautelosa, calculista, "resultadista", que Queiroz assumiu neste Mundial (quiçá demasiado marcado pela incrível derrota caseira com a Dinamarca na fase de qualificação, claramente no melhor jogo de Portugal nos últimos anos, incluindo quase todo o consulado de Filipão) tem sido absolutamente massacrada por todos os comentadores de serviço, como se fosse um autêntico cancro que mata esta equipa. Ora, a verdade é que a maior parte das selecções também (não) joga assim, e que Scolari sempre adoptou igual postura.

Mais impressionante ainda é percebermos que se fosse Mourinho a jogar desta forma toda a gente diria que ele era um génio. Aliás, foi assim que Mourinho foi campeão da Europa e foi nacionalmente aclamado. Mas como é Queiroz, é uma vergonha e uma verdadeira estupidez.

O prof. tem deixado muito a desejar como seleccionador. Isso é uma evidência. Mas para já vai levando o barco em frente, ou seja vai conseguindo manter a equipa em prova, ainda não perdeu e nem sequer sofreu um golo. Muito me ria se a postura conservadorissima de Queiroz desse resultados. Íamos ver muit gente virar o bico ao prego, vos garanto... Como de costume e como já fizeram aliás com Mourinho...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

AU REVOIR, CIAO

Quase inacreditáveis as participações do campeão e do vice-campeão mundiais nesta fase final da África do Sul. Itália e França não ganharam um jogo e ficaram em último lugar dos seus (acessíveis) grupos de apuramento.

Sabe-se que estas são duas selecções que vivem grandes dificuldades (que não de agora) de renovação das suas equipas, após o fim das grandes gerações de Zidane  e Del Piero. A qualidade geral de cada uma das selecções decaiu muito e tal não deixa de ser normal.

O que impressiona mais na presença de Itália e França neste Mundial é a falta de atitude, de vontade, de organização, de "pernas" de italianos e franceses, com estes últimos a envolverem-se mesmo numa rebelião interna à la Saltillo enquanto os italianos foram de uma sobranceria assustadora, apenas "acordando" e lutando nos últimos minutos do derradeiro jogo com a Eslováquia.

Requiem pois por duas grandes selecções, favoritas naturais desta competição, pelo historial, experiência, qualidade. Mas um duplo adeus mais do que merecido e que é uma excelente notícia para Portugal, que nunca se deu bem com o futebol realista de franceses e italianos.

UM NOVO CRISTIANO RONALDO?



Foto: Getty Images

Na segunda parte do encontro com a Coreia do Norte, a selecção marcou seis golos, deve ter garantido o apuramento e, ainda mais importante, pode ter ganho um jogador decisivo. Cristiano Ronaldo.

Depois de uma primeira parte em que incorreu nos mesmos problemas do costume das suas actuações pela equipa nacional, com muitas perdas de bola, insistência nas jogadas individuais e alguma falta de atitude, o CR7 surgiu transfigurado no segundo tempo. E foi nesta fase aquilo que raramente o temos visto ser ao serviço da selecção: um jogador de equipa, tabelando, servindo os companheiros com excelentes passes de ruptura, realizando assistências. Os números do jogador do Real Madrid nesta partida em comparação com os de jogos anteriores não deixam dúvidas (ver quadro).

Confirmou-se nestes 45 minutos que Cristiano Ronaldo pode ser sempre um jogador de excelência se realmente quiser. Ou se não quiser resolver tudo sozinho, como se tivesse essa obrigação  moral quando joga com a camisola das quinas. Um peso que normalmente tolhe e limita as suas exibições por Portugal, e que é agravado por essa opção tão discutível de lhe entregar a braçadeira de capitão de equipa.

Nesta segunda parte do jogo com a Coreia do Norte, Cristiano Ronaldo provou que além de jogar e decidir, também sabe (e bem) pôr a equipa a jogar, integrando-se no colectivo e fazendo a diferença com passes e envolvimentos colectivos e não apenas com fintas e remates, por vezes forçados e insconsequentes.

Dada a falta que faz um Deco que não estivesse em fim de carreira, fora de forma e além de tudo (alegadamente) lesionado, mais crucial se torna ainda que CR7 se assuma também como um dos "playmakers" desta equipa, porque sem passes de ruptura, cruzamentos decisivos, tabelas rápidas, não há força ofensiva nem golos. Raúl Meireles e Tiago realizaram actuações excepcionais com a Coreia do Norte, substituindo muito bem Deco na construcção de jogo, mas com adversários mais fortes terão muitas dificuldades em cumprir um papel que não é o seu. 

Por isso mesmo, agora Portugal está mais dependente do que nunca do Cristiano Ronaldo que surgir nos próximos encontros. O do costume ou este novo CR7 altruísta, que até oferece o prémio de melhor em campo a quem o mereceu (Tiago). Que estes grandes 45 minutos do madeirense tenham sido o momento da mudança na sua forma de jogar na selecção nacional, ainda para mais coincidindo também com a obtenção do golo que tanto perseguia. Para bem da selecção de Portugal, mas também do próprio CR7 que ganha outra dimensão como futebolista quando, como Messi, põe o seu talento "extraterrestre" ao serviço de uma equipa.

QUADRO: dados recentes de Cristiano Ronaldo na Selecção
DADOS CRISTIANO RONALDO
2ª parte do Portugal-Coreia do Norte
Portugal-Costa do Marfim
Apuramento Mundial-2010 (média por jogo)
Assistências
1
0
0
Passes de ruptura
4
1
1.1
Cruzamentos
3
2
2.2
Perdas de bola
2
10
7.3

Fonte. FOOTBALL IDEAS

quarta-feira, 23 de junho de 2010

FELIZMENTE O NAVIO PIRATA NAUFRAGOU(-SE)!

No Euro-2004 a selecção grega surpreendeu o Mundo e roubou o título a Portugal. Pelo caminho deixou ainda a França e a Rep. Checa. Desde aí a equipa ficou conhecida como o "Navio Pirata", em grande parte devido ao seu estilo de jogo especulativo, cínico, mais ferrolho defensivo do que o próprio cattenacio.

A Grécia e o seu treinador alemão Otto Rehagel continuam a pensar que é a jogar assim que vão a algum lado. E realmente é assim que vão... voltar a casa, depois da derrota de ontem com a Argentina.

Perder com a Argentina nem é grave. Grave é entrar como os gregos entraram neste jogo decisivo, em que para não estarem dependentes de terceiros tinham que ganhar: com três defesas centrais, dois laterais, três médios defensivos. Sobravam um médio e um avançado. E mesmo assim estes dois defendiam muitas vezes atrás da linha da bola.

Resultado: os gregos estragaram qualquer espectáculo possível, raramente passaram do meio-campo, o guarda-redes grego fartou-se de defender, mesmo assim perderam  (0-2) e, com o empate no Nigéria-Coreia do Sul, ganharam o bilhete de volta para casa.

Mas já vão tarde - os piratas gregos não fazem mesmo falta nenhuma a este Mundial.

terça-feira, 22 de junho de 2010

UM MUNDIAL EM CRESCENDO?

Terminou a 2ª jornada da fase de grupos e um dado condensa bem o que se passou nesta fase: depois de uma primeira jornada com 21 golos em 15 jogos, tivemos 50 golos no mesmo número de encontros. Uma excelente média superior a 3 golos por partida.

Portugal contribuiu com uma parte importante dos golos (7 à Coreia do Norte), mas de uma maneira geral os jogos foram bem mais abertos e interessantes, o que poderá fazer supor um campeonato do Mundo em crescendo de emoção e qualidade futebolistica. Isto se não voltarmos na fase eliminatória ao medo de perder generalizado...

Mas para já, registe-se que à entrada para a terceira e última jornada da fase de grupos há apenas três equipas eliminadas: Coreia do Norte, Honduras e Camarões. Algo de pouco habitual em fases finais, tal como o facto de não termos nenhum grupo totalmente decidido, já que só duas equipas têm garantida a passagem aos oitavos-de-final: Brasil e Holanda.

Brasileiros e holandeses, que são juntamente com os quase apurados argentinos, aqueles que mais têm convencido os observadores, foram dos poucos que confirmaram em absoluto o estatuto de favoritos, o mesmo não podendo dizer  Inglaterra, Itália e França, com esta última quase afastada do restante Mundial. Num patamar intermédio temos Espanha e Alemanha, que mostram qualidade mas falharam num dos dois jogos disputados, apesar de manterem o tal estatuto de favoritismo incólume.

Aguarda-se pois com grande expectativa o início desta terceira jornada, até porque dos seus resultados podem sair confrontos surpreendentes nos oitavos-de-final, baralhando bastante algumas das previsões iniciais, como um Espanha-Brasil ou um Itália-Holanda. Por outro lado, Portugal pode muito bem defrontar Chile ou Suíça, o que lhe possibilitaria fugir ao temido confronto com Espanha nesta fase da prova.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

PORTUGAL ARRASOU COREIA DO NORTE SUÍCIDA

Quando menos se esperava Portugal desatou a marcar golos e tem praticamente garatida a passagem aos oitavos-de-final.


Portugal começou a ganhar este encontro perante a Coreia do Norte no jogo desta equipa com o Brasil. A boa exibição realizada pelos norte-coreanos nesta partida deu-lhes um excesso de confiança que ficou visível em algumas afirmações do seu treinador, que não foi de modas e surpreendeu tudo e todos entrando no jogo com Portugal ao ataque, sem as cautelas defensivas que justificadamente se esperavam.


De repente, a equipa portuguesa teve o espaço que não tivera no primeiro jogo e que ninguém esperava que tivesse neste. Os coreanos pareciam ter enlouquecido, jogavam taco-a-taco com Portugal e cedo se percebeu que isso seria um autêntico suícidio.


Na primeira parte, os portugueses ainda hesitaram perante tantas facilidades, principalmente Ronaldo demasiado preso e obcecado em marcar um golo. Mas na segunda etapa, o marcador disparou, ficando ainda vários golos por marcar.


Os números principais do encontro mostram o volume ofensivo da selecção portuguesa, que rematou mais de 20 vezes, das quais 12 com perigo para a baliza contrária. 


O demérito coreano não retira virtudes à exibição da selecção nacional, com destaque para o papel do seu meio-campo, com Tiago e Raúl Meireles em grande plano, jogando, fazendo jogar e marcando. Assim fizeram esquecer o ausente Deco, que pode muito bem ter perdido a titularidade.


Com este resultado, Portugal está praticamente apurado para a fase seguinte, já que tem neste momento uma vantagem de nove golos sobre o seu concorrente mais directo, a Costa do Marfim, o que lhe dá enorme margem de erro para o último jogo da fase de grupos, perante o Brasil, na próxima sexta-feira.




PORTUGAL
COREIA DO NORTE
Golos
7
-
Remates
25
13
Remates no alvo
13
2
Remates perigosos
12
1
Cruzamentos
24
13
Cantos
5
1
Faltas cometidas
18
4
Cartões amarelos
2
2
Cartões vermelhos
-
-

 Posse de bola: 55% - 45%

  Fonte: Football Ideas

sábado, 19 de junho de 2010

AO MENOS HÁ SUSPENSE...

O Mundial-2010 tem sido dominado por alguns factos bem negativos:

- as irritantes vuvuzelas que parecem desagradar a quase toda a gente: jogadores, treinadores, espectadores, tele-espectadores.

- o medo de perder que tem tolhido o talento, o risco, a emoção em quase todos os jogos (apesar das melhorias sentidas na 2ª ronda), redundando também numa das mais pobres médias de golos por jogo da história da competição.

- a bola, afinal algo de central ao jogo, a famosa Jabulani, odiada pelos guarda-redes por ter trajectórias imprevisíveis, mas também pelos jogadores de campo por ser de difícil controle principalmente pelo ar.

No entanto, um facto bem positivo deve ser destacado neste Mundial, até ao momento: jogada já a segunda jornada de metade dos 8 grupos da prova, ainda não há qualquer equipa com as malas feitas para ir para casa. Ainda nenhum conjunto foi eliminado, pelo que com maiores ou menores hipóteses de passar à segunda fase, todos têm ainda as suas esperanças.

Salva-se portanto o equilíbrio e o suspense neste mundial, fazendo antever uma terceira ronda electrizante. Valha-nos isso...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

FAZER JOGAR





Foto: Getty Images

Escrevo enquanto vejo o excelente Alemanha-Sérvia, um grande jogo cortesia do árbitro (com a pior arbitragem do Mundial até ao momento) que decidiu expulsar Klose por razão nenhuma, nivelando assim as duas equipas.

E escrevo porque Ozil, o jovem de 21 anos que orquestra todo o jogo alemão, me fez pensar quanto aprecio muito mais aqueles que fazem jogar uma equipa do que os que jogam para si, por muito brilhantes que sejam, como é o caso de Cristiano Ronaldo, na actualidade, ou Eusébio, no passado.

Não reduzo essa capacidade admirável de colocar uma equipa a funcionar em termos ofensivos, de marcar os ritmos e romper as defesas contrárias, aos famosos números 10. Cada vez mais, o número nas costas conta menos além de que nem sempre é o médio ofensivo que assegura capacidade de criar em prol da sua equipa, estando essa função concentrada num jogador que actua das alas para o centro, ou mesmo no meio-campo recuado.

Masut Ozil é um desses jogadores que empolga ver jogar, fazer quase sempre a opção certa, descernir qual o colega mais bem colocado, ler num mílésimo de segundo toda a jogada e executar em conformidade.

Neste Mundial, estão presentes alguns jogadores que sabem fazê-lo mas infelizmente são poucos, para mal dos meus pecados, mas também para desgraça deste pobre futebol dos nossos dias.

Uns estão capazes de praticar essa mestria: Messi (Argentina), Xavi (Espanha), Sneider (Holanda), talvez Gerard (Inglaterra)...

Outros parecem longe dos tempos em que a praticavam, como Deco, Pirlo e Kaká. E ou muito me engano ou no fim isso vai fazer muita diferença.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

JOGUEM MAS É À BOLA




Foto: Getty Images

A primeira jornada da fase de grupos do Mundial-2010 terminou com a maior surpresa da prova até ao momento: a derrota do campeão europeu e principal favorito das casas de apostas para vencer o campeonato do mundo: a Espanha, frente à Suíça.

De uma forma simples, pode-se afirmar que a Espanha jogou e a Suíça marcou. E ganhou.

Os verdadeiros criadores do cattenacio, os suíços (Karl Rapan foi o pai do sistema de ferrolho, tornado célebre pelos italianos), foram realistas e tiveram a sorte do jogo. Assim se definiu o resultado de um jogo em que a Espanha teve momentos de excelente futebol mas em que levou uma lição de humildade. E isso poderá até ser benéfico para a selecção de Del Bosque, para os jogadores e para os adeptos. Quantas vezes não são as equipas que começam mal que vão sempre em crescendo e acabam bem? Perguntem à Itália.

Apesar de tudo, o Espanha-Suíça foi dos melhores encontros desta 1ª jornada. A esmagadora maioria dos encontros foi mais parecido com o inenarrável Portugal-Costa do Marfim. Equipas tolhidas pelo medo , todas elas pressionadas pelo receio dos efeitos de uma possível derrota no primeiro jogo da prova, reconhecidamente importante numa competição tão curta.


Por isso mesmo, o Mundial-2010 já não se livra de um recorde negativo: o de ser o menos profícuo em termos de golo ao fim da primeira ronda de jogos: apenas 21 em 16 jogos. Uma miséria.

Também como se previa, o início da segenda ronda parece trazer outra atitude, mais ousada, das diferentes selecções. Umas mais relaxadas graças a vitórias no primeiro jogo, outras desperadas por empates e derrotas no seu jogo inaugural.

Pelo que a mensagem só pode mesmo ser uma: JOGUEM MAS É À BOLA, porque não esperamos quatro anos por um Mundial para isto!

terça-feira, 15 de junho de 2010

O MEDO

Há jogos de futebol que parecem acabar mesmo antes de começarem.

Foi o que aconteceu com o Costa de Marfim-Portugal, à imagem do que tem vindo a suceder em vários encontros deste Mundial.

O que dizer de um jogo praticamente "sem balizas", em que se rematou em apenas 12 ocasiões, com três tentativas enquadradas no alvo. Foi um jogo tão anti-jogo, que o único remate com perigo foi o de Ronaldo ao poste, aos 10 minutos de jogo. Um remate perigoso em 90 minutos...


Nem a ansiedade provocada pela estreia, nem tão pouco a importância para a classificação final do grupo G da partida com a Costa do Marfim podem explicar a total incapacidade da equipa de Carlos Queiroz apresentar o mínimo de qualidade futebolística.


Os números da Selecção Nacional neste jogo ilustram na perfeição uma actuação desgarrada, tensa e desinspirada. Portugal não foi capaz se libertar do colete de forças em que foi envolvido pelos costa-marfinenses, não encontrando soluções para romper e desequilibrar nem pelo centro nem pelas alas. Aliás, não há registos recentes de um jogo em que a equipa portuguesa tenha criado tão poucas situações de finalização: apenas seis remates em 90 minutos, só por duas vezes na direcção da baliza. Mesmo assim, foi Portugal que conseguiu o único remate perigoso deste encontro tão insípido, quando Cristiano Ronaldo atirou, de longe, ao poste.


Como explicar este aridez ofensiva?


Por um lado, a equipa foi inofensiva nas penetrações centrais, devido também ao sobre-preenchimento da zona pelo adversário.  Muitos passes errados – principalmente aqueles que podiam desequilibrar a defensiva da Costa do Marfim – e falta de movimentações de ruptura dos médios portugueses, principalmente de Deco, impediram que o futebol luso fluísse e criasse lances de perigo perto (ou dentro) da área contrária. Assim, não surpreende que Portugal só por uma vez tenha rematado dentro da área dos africanos.


Por outro lado, a Selecção não explorou devidamente os espaços na alas, com Coentrão e Paulo Ferreira a serem apenas defesas e não laterais. Alem disso, Ronaldo e Danny nunca foram extremos bem abertos, preferindo flectir para o centro do terreno. Não é por acaso que Portugal terminou a partida com o incrível número de seis cruzamentos efectuados, sendo que na primeira parte não efectuou um único cruzamento para amostra. Acresce dizer que o flanco esquerdo produziu apenas um cruzamento, apesar de Coentrão ser conhecido pela sua qualidade ofensiva.


Perante este cenário a outra possibilidade de criar desequíbrios ofensivos seria pressionar alto o adversário, obrigando-o a falhar em zonas perigosoas para a sua defesa. Mas aí o retraimento táctico da Selecção teve uma preço muito alto; não foi apenas a Costa do Marfim que defendeu quase sempre atrás da linha da bola, sem pressionar alto o adversário, o que poderia permitir recuperações de bola realmente perigosas. As duas equipas, sempre mais preocupadas em não perder do que em tentar ganhar, apenas recuperaram quatro bolas cada uma em meio-campo adversário.

Assim não surpreende também do lado da Costa do Marfim os remates produzidos tenham sido poucos (5), só  um deles foi efectuado na grande área portuguesa.


Fica, pois, completo o retrato de um jogo literalmente nulo, impróprio de uma fase final do campeonato do Mundo. Impróprio, mas terrivelmente típico deste Mundial, para já  dominado pelo medo de perder que tolhe as equipas e resulta em espectáculos deprimentes.

QUADRO: Comparação do jogo Costa do Marfim-Portugal com as médias por jogo na fase de apuramento para o Mundial-2010
 Portugal-Costa do MarfimMédia por jogo na fase de apuramento
Remates617.9
Remates na área19.4
Remates no alvo27.5
Remates perigosos18
Passes de ruptura18.8
Cruzamentos622.3
Recuperações de bola em meio-campo adversário49.5

Fonte: FOOTBALL IDEAS




NOTA FINAL: no site da FIFA é possível ver que este Portugal-Costa do Marfim foi o encontro com menos remates e oportunidades de golo até ao momento.

Mas a verdade é que não foi muito pior do que vários dos jogos disputados. É o que acontece quando o medo se sobrepõe a tudo o resto. O medo tolhe. O medo de perder, o medo de ser eliminado.

Chega-se à conclusão de que quem tinha razão era mesmo Bill Shankly: o futebol não é uma questão de vida ou de morte,  é ainda mais importante.

Mas não devia ser.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

QUE PORTUGAL NA ESTREIA?

Faltam menos de 24 horas para o Portugal-Costa do Marfim, o importante jogo de estreia da Selecção Nacional no Mundial-2010. Que onze poderemos esperar da parte de Carlos Queiroz?


Vários indicadores fazem acreditar que Portugal deve alinhar com Eduardo; Ferreira, Carvalho, Alves e Coentrão; Pepe; Meireles e Deco; Danny, Liedson e Ronaldo.



Feitas as contas, apenas três alterações relativamente à equipa que entrou em campo para a primeira mão do play off com a Bósnia que colocou Portugal nesta fase final. Ou seja, Carlos Queiroz mantém as suas ideias, o seu modelo de jogo e até o sistema táctico, quase oito meses depois. Até porque uma das alterações prende-se com a impossibilidade de Ronaldo jogar em Novembro passado (jogou Nani). 


As outras mudanças mostram também um Queiroz com coragem para ser senvível aos momentos de forma dos seus púpilos: Danny no lugar de Simão e Coentrão no de Duda.
Além do mais, Danny garante outra consistência colectiva já que permite à equipa oscilar entre o 4x3x3 no ataque e o 4x4x2 a defender, enquanto Coentrão é mais alto e rápido do que Duda, aspecxtos fundamentais perante a Costa do Marfim.


A única dúvida que poderá perdurar no espírito do seleccionador passa pela posição de trinco, devido à natural falta de ritmo de Pepe. No entanto, acredito que Pepe será titular já que Queiroz gosta de actuar com um médio defensivo alto e rápido. Há mesmo quem diga que a teimosia de Queiroz em levar Pepe à África do Sul se deveu essencialmente a considerar a sua presença fundamental no jogo com os africanos, que o professor vê como decisivo na passagem à segunda fase.

LARANJA CONCENTRADA

Wesley Sneider (Holanda e Inter de Milão)       Foto: Getty Images

Faz parte do lote dos favoritos (talvez dos chamados favoritos de segunda linha, juntamente com a Inglaterra e França, já que Brasil, Itália, Argentina, Espanha e Alemanha são os de primeira apanha) apesar de ser conhecido o carácter por vezes demasiado idealista do seu futebol. A Holanda começou bem o Mundial, acima de tudo porque sobreviveu à ausência do seu melhor jogador - Robben - mostrando ainda uma enorme consistência colectiva. Afinal de contas, a principal dúvida que sempre se levanta acerca da "Tulipa" nestas competições.

Perante uma equipa "chata" porque muito contida e equilibrada defensivamente, como é a Dinamarca de Olsen, a Holanda deu grandes garantias defensivas, acabando por impôr o seu melhor futebol e a maior capacidade dos seus jogadores. Dois centrais seguros (embora lentos): Mathijsen e Huitinga: dois laterais se qualidade - Geo e Wiel; dois médios de contenção competentes (De Jong e Van Bommel); dois criativos de classe mundial: Sneider e Van der Vart; e dois extremos/avançados mais do que reputados: Van Persie e Kuyt. A que se juntam para já dois suplentes que podem mudar o rumo de um jogo pela sua velocidade e fantasia: Afellay e Elia. E ainda falta Robben...

Temos mesmo candidato!

PRIMEIRO CANDIDATO DE CORPO INTEIRO: ALEMANHA

MESUT OZIL (Alemanha/ Werder Bremen)     Foto de Phil Cole/ Getty Images Europa

Os três primeiros dias de Mundial foram marcados pelo irritante som das vuvuzelas e por pouco futebol. Nada que não seja habitual nestas competições de fim de temporada, em que o cansaço e o medo de perder parecem ser barreiras quase sempre insuperáveis para a generalidade das equipas.

Olhando a performance dos mais fortes, pode-se para já dizer que ser candidato ao título mundial em teoria é muito diferente de afirmar esse favoritismo dentro do campo. Apenas a Argentina e a Alemanha o conseguiram. Já a Inglaterra e a França (também integrantes de todas as listas de 8 favoritos, segundo as casas de apostas) ficaram muito longe de impressionar, empatando os seus jogos (com EUA e Uruguai).

Os franceses (vice-campeões) continuam em crise de identidade e ambição, depois de terem chegado ao Mundial através do paly-off e graças a um golo ilegal.

Os ingleses parecem fadados para desiludir no momento da verdade, apesar de terem a melhor Liga do mundo. Podem queixar-se do erro terrível do seu guarda-redes Rober Green, mas não é por acaso que uma selecção tão poderosa permanece vulnerável há anos numa posição tão crucial como a de guarda-redes.

Bem diferente a situação da Argentina, que ultrapassou o cepticismo provocado pela presença de Maradona no comando das operações. A equipa mostrou-se organizada, Messi jogou finalmente ao nível do que faz no Barcelona e apenas a exibição extraordinária de Enyeama, o guarda-redes da Nigéria, impediu uma goleada.

Exactamente aquilo que a Austrália não conseguiu evitar frente à poderosa Alemanha, que realizou a melhor actuação destes três primeiros dias de competição. Futebol de ataque, incisivo, rápido, servido por excelentes jogadores, que não será alheio ao facto de quase meia equipa jogar no mesmo clube: o Bayern de Munique.

Claro que a oposição foi frágil, mas isso não apaga o brilhantismo do futebol dos alemães, que ainda para mais demonstraram possuir jovens jogadores que podem desequilibrar, hoje e no futuro, com destaque para Ozil (Werder Bremen, 21 anos) e Mueller (Bayern, 20 anos). Veremos como se aguenta a defesa germênica perante adversários mais poderosos, já que a lentidão do sector é conhecida...