IDEIAS FORTES DO MUNDIAL DE ÁFRICA E DA PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA

com base nas análises estatísticas e históricas da FOOTBALL IDEAS

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ASSIM CRESCEM AS LENDAS

E a Espanha é Campeã do Mundo!

A selecção "patinho feio", da Fúria e pouco mais, durante décadas (até 2007, apenas um grande título, o Europeu de 60, jogado em Espanha) está no topo do Mundo!

Depois do título europeu de 2008, já conquistado sob a égide do tiki-taka à Barça, os espanhóis tornam-se na terceira equipa a deter simultaneamente o ceptro europeu e Mundial, juntando-se à Alemanha (entre 1974 e 1976) e à França (entre 2000 e 2002).

Um prémio mais do que merecido para o actual melhor futebol do Mundo, síntese perfeita da capacidade de conciliar aquilo que faz as grandes equipas de futebol: o colectivismo (um sistema) e o individualismo (a  qualidade individual, a excelência criativa). Não é por acaso que ninguém passa a bola como a equipa espanhola (grande superioridade nas estatísticas de posse e passe de bola) nem tão pouco apresenta dados tão elevados de investidas individuais como "nuestros hermanos" neste Mundial.

Espanha ganhou porque ninguém joga tanto como a Espanha, mas também porque, mesmo assim, a Roja consegue ser um conjunto de trabalhadores, de jogadores humildes, que por muito famosos ou ricos, ou titulados individualmente, são excepcionalmente humildes. Humildes, mas (e apeser de) conscientes do seu valor e da sua força.

Ironicamente, a Espanha ganhou o Mundial às custas da apropriação e desenvolvimento (adaptação) da ideia de futebol criada no país da selecção que defrontou na final: a Holanda.

A tal síntese avançada do colectivismo com o individualismo, da posse de bola como elemento fundamental do jogo, sempre foi a ideia matriz do Futebol Total nascido na Laranja Mecânica dos anos 70, que injustamente perdeu duas finais do Mundial na Alemanha (1974) e na Argentina (1978), porque defrontou nos jogos decisivos as selecções da casa.

Uma ironia que torna ainda mais pesada a tristeza da terceira derrota em outras tantas finais para a Holanda. Uma lenda que assim se reproduz e se torna ainda mais amarga, mas também cada vez mais dramática e poética.

Alguma vez poderia passar pela cabeça de Cruiff  que ao criar a Dream Team do Barcelona nos anos 90, depois aprimorada por Rijkaard e Guardiola na primeira década do nosso século, iria estar a criar o "monstro" que cresceria até voltar a condenar a sua Holanda a ser o eterno segundo do Mundial?

Curioso ainda é o facto de a Holanda até ter conseguido domar a Espanha nesta final, bloqueando o famoso tiki-taka e nem merecendo perder o jogo de ontem. Mas fê-lo também às custas de uma estratégia excessivamente física e agressiva (às vezes até violenta), acabando por pagar o elevado preço de jogar os últimos minutos do prolongamento com menos um elemento. Os minutos que fizeram crescer a lenda.

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