Portugal despediu-se do Mundial-2010. A Espanha foi demasiado forte para uma equipa que cumpriu os objectivos mínimos mas que demonstrou ser demasiado curta para metas mais ambiciosas.
Demasiado curta em termos de jogadores desequilibradores, presentes e/ou em forma, com ambição e/ou maturidade, mas também demasiado curta pelas opções discutíveis de um treinador que nem será o principal responsável da eliminação mas que também ele é incapaz de fazer qualquer tipo de diferença.
Mas estas são questões para desenvolvermos nos próximos dias conforme se forem conhecendo (e vão conhecer, com certeza) outros pormenores desta participação portuguesa no Mundial...
Para já fiquem com a análise do jogo do nosso descontentamento com a Espanha, em que fomos batidos pelo 2º classificado do Ranking da FIFA (um lugar apenas acima de Portugal) e no qual sofremos o golo (única vez em toda a prova que Eduardo teve que ir buscar a bola ao fundo da baliza) que nos custou a eliminação. Eis cinco ideias fortes que a estística deste jogo forneceu:
1. A vitória espanhola nesta partida foi indicutível dada a sua superioridade esmagadora em todos os dados de finalização: 14-8 em remates, 9-2 em remates na área; 8-3 em remates no alvo; 11-2 em remates com perigo.
2. Essa superioridade nasceu desde logo do claro domínio territorial dos espanhóis: 61% de posse de bola nos 90 minutos, que se estendeu a toda a partida, com 60% ao intervalo. Portugal entregou constantemente a bola a uma equipa que gosta e precisa de a ter para desenvolver o seu modelo de jogo com eficácia.
3. As diferenças abissais em termos de capacidade de construção de jogo e finalização foram ainda maiores na segunda parte, quando Portugal apenas rematou em 1 ocasião (e de fora da área, longe do alvo e sem perigo), contra 8 remates de Espanha, dos quais 5 na área portuguesa, 5 no alvo e 7 com perigo.
4. A equipa nacional voltou a mostrar problemas sérios de fluidez e construção de jogo, com apenas 1 passe de ruptura em todo o jogo, agravados pela pressão alta da Espanha, que roubou muitas bolas no meio-campo português (8), das quais 5 na segunda parte. Para tal contribuiu o facto de Queiroz fazer alinhar 4 defesas-centrais de raiz (Costa, Carvalho, Alves e Pepe), limitando ainda mais a capacidade de circulação de bola.
5. Essas dificuldades de construção acabaram por ser decisivas e por exemplo no caso da opção por um Pepe sem ritmo nem foram compensadas com ganhos na capacidade de recuperação de bola: apenas 3 recuperações em 72 minutos em campo, contra 4 recuperações do seu substituto (Pedro Mendes), que esteve no relvado apenas 20 minutos. Se a isto acrescentarmos uma única recuperação de bola de Tiago em 90 minutos e a diminuição do número de cortes efectuados pelos portugueses de 15 para 8 entre a primeira e a segunda parte, o panorama defensivo foi também bastante negativo, principalmente no segundo tempo. Valeu Eduardo em noite de gala, capaz de realizar um número recorde de defesas decisivas (7) em quatro anos de observações estatísticas da FOOTBALL IDEAS.
Os principais dados do jogo:
Elementos | Portugal | Espanha |
posse de bola | 39% | 61% |
golos | 0 | 1 |
remates | 8 | 14 |
remates na área | 2 | 9 |
remates no alvo | 3 | 8 |
remates com perigo | 2 | 11 |
cruzamentos | 36 | 11 |
cruzamentos com remate | 2 | 2 |
faltas cometidas | 21 | 12 |
cantos | 3 | 4 |
livres perto da área | - | - |
foras de jogo | 2 | - |
cartões amarelos | 1 | 1 |
cartões vermelhos | 1 | - |